Herança Anunciada
Chegam-se as horas da boca calada de palavras
Chegam-se os risos,
as sombras,
os nadas.
Chega-se um sonho, vazado pelo vento do arranque,
por onde o esquecimento
perpassa sem vitória.
Chega-se o fado, o queixume, o íntimo lugar da pérola
em meus olhos, trementes ao abrir:
Será o horizonte que baloiça, por milagre?
Será nevoeiro, o que esconde a estrada, de repente?
Estarei ausente?
Chega-se ao fim mais um mundo construído
na alcáçova do futuro:
esbarrou,
olhou o infinito, sentiu-se maior
e, sem um grito de revolta ou sofrimento,
deixou amor por herança
e outra nova civilização em rebento.
Diana Enriquez
Diana Enriquez