DESCAMINHOS
Por onde passa
O poeta
Sangra o caminho
De perfumes
E espinho
E ferem os versos
O avesso
Do mundo
E desvira
A emoção
E grita a rima
Que a alma
Se acalma
Se espanta
E se aninha
Nos braços
Do vento
e sopra a brisa
que avisa:
ainda é tempo
de amar
e de ficar louco
-pelo menos um pouco-
E deixar rastros
Pelas estradas
Tão cansadas
De pés feridos
Como os versos
Que sangram
Por entre o brilho
Das estrelas
Que se apagam
Lentamente
E vão dormir
E quem sabe
Sonhar
E brincar
De voltar
A ser criança.
Por onde passa o poeta
Deixa uma seta
E uma encruzilhada
Uma curva, uma reta
Onde o coração
Cruza os braços
E apaga os passos
E se afoga
Nos destroços
Da estrada
Que segue em frente
Desnuda
Inteiramente
Sem destino.
(poema inspirado nos belíssimos poemas ESTRADA, de Deley e CAMINHANTE, de HLUNA)...