DESCAMINHOS

Por onde passa

O poeta

Sangra o caminho

De perfumes

E espinho

E ferem os versos

O avesso

Do mundo

E desvira

A emoção

E grita a rima

Que a alma

Se acalma

Se espanta

E se aninha

Nos braços

Do vento

e sopra a brisa

que avisa:

ainda é tempo

de amar

e de ficar louco

-pelo menos um pouco-

E deixar rastros

Pelas estradas

Tão cansadas

De pés feridos

Como os versos

Que sangram

Por entre o brilho

Das estrelas

Que se apagam

Lentamente

E vão dormir

E quem sabe

Sonhar

E brincar

De voltar

A ser criança.

Por onde passa o poeta

Deixa uma seta

E uma encruzilhada

Uma curva, uma reta

Onde o coração

Cruza os braços

E apaga os passos

E se afoga

Nos destroços

Da estrada

Que segue em frente

Desnuda

Inteiramente

Sem destino.

(poema inspirado nos belíssimos poemas ESTRADA, de Deley e CAMINHANTE, de HLUNA)...

José de Castro
Enviado por José de Castro em 24/12/2011
Reeditado em 26/12/2011
Código do texto: T3404326
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