a primeira vez
a primeira vez
foi talvez
a mais estranha
foi como
quem sonha
delira
duvida
disfarça
desconfia
que é tudo uma farsa
mentira
poesia
uma outra realidade
uma viagem
uma bobagem
mas mesmo assim
não se convence
respira bem fundo
toma coragem
e enfim
decide
desdenha o medo
não se contenta
desenha um plano
tenta
declara guerra
não se conforma
acha que foi tudo um engano
mas quando a coisa toma forma
vai a luta
se empenha
labuta
se banha em suor
lágrimas
se sente outro
melhor
muito mais confiante
como se fossem dádivas
caindo sobre si
e continua
segue adiante
se insinua
e ao se ver frente a frente
quando chega a hora
o momento
o instante final
crucial
a última chance
a útima gota
o último suspiro
um romance
por mais absurdo que seja
um lance confuso
dá um passo a frente
de quem quer
ou deseja
olha em volta
só vê o vazio
planeja o vôo
acende o pavio
e como um tiro
um parafuso
se solta
se atira
em vão
num vão
no fim do mundo
completamente são
alado
num solo
de olhos e braços abertos
sem as mãos
calado
um pássaro sem asas
sem eira nem beira
atravessando o mar
a cidade
as casas
e por mais que não queira
vendo tudo mais claro
mais perto
de frente
passando bem rente
reto
sente o faro
o fogo
o frio
flores no chão
estrelas no teto
toca o ceu com as mãos
entre nuvens e ventos
comprimidos
unguentos
artificios
disfarces
mais de mil
como quando se viu cara a cara
face a face
não teve voz
não teve peito
não teve jeito
virou pro lado
e calmamente
dormiu