a primeira vez

a primeira vez

foi talvez

a mais estranha

foi como

quem sonha

delira

duvida

disfarça

desconfia

que é tudo uma farsa

mentira

poesia

uma outra realidade

uma viagem

uma bobagem

mas mesmo assim

não se convence

respira bem fundo

toma coragem

e enfim

decide

desdenha o medo

não se contenta

desenha um plano

tenta

declara guerra

não se conforma

acha que foi tudo um engano

mas quando a coisa toma forma

vai a luta

se empenha

labuta

se banha em suor

lágrimas

se sente outro

melhor

muito mais confiante

como se fossem dádivas

caindo sobre si

e continua

segue adiante

se insinua

e ao se ver frente a frente

quando chega a hora

o momento

o instante final

crucial

a última chance

a útima gota

o último suspiro

um romance

por mais absurdo que seja

um lance confuso

dá um passo a frente

de quem quer

ou deseja

olha em volta

só vê o vazio

planeja o vôo

acende o pavio

e como um tiro

um parafuso

se solta

se atira

em vão

num vão

no fim do mundo

completamente são

alado

num solo

de olhos e braços abertos

sem as mãos

calado

um pássaro sem asas

sem eira nem beira

atravessando o mar

a cidade

as casas

e por mais que não queira

vendo tudo mais claro

mais perto

de frente

passando bem rente

reto

sente o faro

o fogo

o frio

flores no chão

estrelas no teto

toca o ceu com as mãos

entre nuvens e ventos

comprimidos

unguentos

artificios

disfarces

mais de mil

como quando se viu cara a cara

face a face

não teve voz

não teve peito

não teve jeito

virou pro lado

e calmamente

dormiu

jose luis lacerda
Enviado por jose luis lacerda em 13/12/2011
Reeditado em 14/12/2011
Código do texto: T3387100