DO (DES) AMOR
DO (DES) AMOR *
Não,
sinceramente não sei
a razão de já
não nos amarmos
mais.
O que sei,
ou pensava saber,
é que tanto, e tanto, queríamos ser,
um do outro,
cada vez mais.
Sim, é certo que
pesa-nos a luta de todos os casais;
porém
de tanto nos culparmos,
de tanto nos magoarmos,
por vezes já nos odiamos,
e já não mais nos perdoamos.
Amargurados, muito feridos,
por vezes nos traímos,
já quase nos destruímos,
e cansados ficamos
por demais.
Mas,
não dizíamos sempre,
ser o nosso amor,
de todos o mais forte,
e de todos, aquele que era
o mais?
Às vezes penso
que a vida, de nós, e nós, de cada um,
exigiu demais.
Ou seriamos nós, que juntos poderíamos viver
jamais?
Talvez tenhamos errado
em não percebermos,
o quanto fomos, e talvez
ainda sejamos, muito, mas
muito iguais.
Os mesmos anseios, sonhos, ideais;
os mesmos desencantos; a mesma procura
e também a mesma e contínua espera.
O mesmo desencontro,
o mesmo desalento,
e as feridas, também iguais,
que já não se fecham
mais.
Afinal,
o que aguardamos ainda,
se os olhos já não mais se olham,
se as mãos já não mais se buscam,
se os corpos já não mais se procuram;
se calados estamos,
se no tempo paramos,
se desunidos ficamos,
o que mais esperamos,
se juntos nada mais somos,
mais?
Será...
será por que sabemos,
(sim, certamente que sabemos),
que já não mais nos conhecemos.
que já não somos mais os mesmos,
que um do outro já nos perdemos.
Portanto, pelo mal que nos causamos,
e a dor que nos infligimos.
de nós dois já desistimos.
Por isso, após esta vez,
aqui e agora,
tu e eu,
nós, juntos,
não mais.
Após esta vez,
nós dois,
nunca, nunca
e nunca mais,
jamais?

* ou “Poema dos casais” Fundo musical: “Bilitis” c/ Francis Lai
cva / alpha / vsm / scmã / rj / sifran inverno/1992 – inverno/2006