não chovo mais

colho restos dos meus pés

no caminho

como colhia flores

antes de estar sozinho

guardo nos olhos

paisagens

pessoas

viagens

como guardava nas fotografias

como fazia versos impregnados

nas poesias

escondo no fundo das gavetas

nos cantos dos armários

em caixas lacradas

dentro do meu peito

lembranças

bilhetes

enfeites

perdulhicalhos

coisas inuteis

ocupando espaços

lembranças futeis

fastiando o cansaço

dos meus pensamentos

tenho andado tão lento

tenho andado tão calmo

não chovo mais

não vento

vivo tão em paz comigo

como há muito tempo

jose luis lacerda
Enviado por jose luis lacerda em 24/11/2011
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