Noite Pálida- Ao Fim, o Recomeço.
Dedico este breve lamento,
Aos vicios que obriguei-me a portar,
As vezes que esqueci de lembrar,
Que era eu diante do espelho.
As vezes de olhos vermelhos,
Carregados pelo cansaço da insonia,
Lembro-me que as vezes parecia ter 50 anos,
E em instantes apenas 12.
A vida brincava com minha loucura,
Enquanto eu empurrava com um copo de agua,
Vários comprimidos anti-depressivos.
Talvez antes também tivera tentado suicidio,
Mas sou fraco demais, e também julgo isso tolice.
Enquanto recitava mais uma poesia mau sucedida,
Me lembrava dos versos de algum poeta maldito,
Que me fazia sentir ainda mais estranho.
Como se estivesse escondido dentro desse corpo,
Temendo que alguém descobrisse quem realmente sou,
Uma frase incompleta, sem um ponto final.
Um malabarista de idéias desequilibradas,
Um orfão de cultura e ideologias válidas.
São 3:20 da manhã,
E o relógio parece estar parado,
E os retratos na parede,
parecem me olhar, e me dizem algo que não consigo compreender,
Acendo mais um cigarro,
Minhas mãos soam,
E minha fé parece pequena diante de meus medos.
Sei que a criança que vivia em mim,
Partiu para algum lugar,
Mas ainda consigo sentir,
O mesmo medo do escuro.
Fazem noites que não durmo,
Acendo outro cigarro, tomo um gole de conhaque,
E procuro na brecha da porta,
Alguma faísca de luz.
Mas sinto-me só,
Apesar dos retratos que me olham cada vez mais de perto,
E sussuram algo, mas não consigo entender.
Estranho, parece que se passaram horas,
Mas no meu relogio apenas 1 minuto,
Ainda são 3:21
O dia parece não querer nascer,
Ou talvez meus medos congelaram o tempo.
O medo congela,
Estou com frio,
Fumo mais um cigarro, tomo outro gole de conhaque,
E antes que mais 1 minuto demore horas para passar,
Debrussado sobre a mesa fria, adormeço.