LAMENTO

Só por hoje

quero cantar o meu lamento,

sem eco, sem retorno,

só o silêncio frio e atroz.

Só por hoje

quero escolher a solidão,

seu pranto, sua lástima,

veneno mortal.

Só por hoje

quero estar perdida entre dois caminhos,

escolhas que me destes:

meu mal, ou meu mal.

Só por hoje

quero arrancar da minha carne

a chaga corrosiva

e aplacar a minha dor.

Só por hoje

quero contemplar o vão entre nós.

Existe um NÓS?

Ou estou a sós?

Só por hoje

quero me perder no esquecimento,

na conformidade do nada:

Nada a fazer, nada a esperar.

Só por hoje

quero derramar estas lágrimas ácidas,

que dilaceram a face por onde passam

e morrem na língua, amarguradas.

Só por hoje

quero beber dessa tristeza

que transborda em cálice

e cala toda a esperança vã.

Só por hoje...

Porque amanhã,

Renasço das cinzas,

Como a Fênix mitológica,

Refaço-me do que restou!

Fabiana Gusmão
Enviado por Fabiana Gusmão em 15/11/2011
Reeditado em 19/11/2011
Código do texto: T3337576