Pró-meças
à musa da Névoa
Moldar-te-ei ainda, viajosa Névoa,
posto que és névoa e nada maleável.
Mesmo contraditória, és amável,
mesmo sendo de carne é de névoa.
Se és de paradoxo e neve quente,
se és de iceberg e ver-de-mar,
ainda assim me serve ao cantar
e servirá melhor experiente.
Não ruja agora quando inscipiente,
não quero notas roucas no futuro.
Tirar-te-ei de um estágio bruto
e elevarei ao solo transcendente.
Minha missão (eterna campanha e luta
para moldar a musa à pureza)
paira pela incerteza da certeza
de ser quase eterna a labuta
de viajosidar-se a si matar-se
condicionariamente à imortal.
Há tal bondade neste auto-mal
que cato-te no ato de catar-se.
Enig-mal das tuas estrelinhas
que costuram os céus mais viajosos...
Não sei se tais mistérios são gozosos
mas decifrá-los-ei nas entrelinhas.