FIM-DE-ANO

Louvando a deus
técnico e moribundo
meio estriado de
maribondos melífluos,
ao acaso, estacionado
dos rompantes
aos goles gotejantes
dos últimos e contorcionistas
abismos de fim-de-ano.

no edifício vizinho
espia-se ou espio
um furta-cor laranja
de assombração
moça ou rapaz
(por que nunca ninguém
em inúmeros edifícios
sai à janela, ao ar,
ao horizonte ?)

E os que não foram
nesse ano, novo, sacudido
de ferro e fogacho, entretido
para novos ardis,
ao litoral às águas
ao sereno movimento
da boa brisa
iodo sal da terra
desprendendo-se da areia
(qualquer praia é um recanto
de paz e lua, açucarado
do sabor do sal) .

Então aguardo impertinências
de vultos e instantes e desejos
se desfazendo em polidas alegrias
de cristalina beira-mar amarela
aonde , nos meus olhos, o brinde
aos que eu amo e vejo sonhar.
Jandira Zanchi
Enviado por Jandira Zanchi em 01/01/2007
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