Algoz

Primeira alma vitimada.

O algoz d’alma cativa agora se tornou um coração, meu coração.

Que não pede perdão ou lamenta ingratidão

Que só cumpre fiel e calado os meus sádicos desígnios amargurados.

Coração empedrado, tão bem trabalhado

Tal qual clausuras medievais, penais.

Preço do amor e da traição

Do ódio e da desconfiança

Preço do perdão.

Assim ecoa em sua mente doente:

Vou sugar-te alma e aprisioná-la na masmorra do coração,

Para que me pertença, feliz ou não;

Para que seja minha. Se se definha de banzo ou tristeza, não me importa!

Possuir-te-ei a alma; Agora seca, sozinha, vazia e sedenta de liberdade;

Para vê-la sofrer ou submeter-se

E fa-la-ei infeliz, com o jugo pesado do castigo de prisão,

Drenando seus sonhos e desejos

Dar-lhe-ei só dos sobejos

Dos desejos inúteis de liberdade, ou de um gesto de bondade

Para com tu’alma suplantada,espezinhada

Escravizada que agora subjugada, é obrigada a ser sacrificada

Para agradar o meu sadismo infeliz.

E essa alma indômita não cede,

E por mais tortura pede, pede mas não cede

Não mede, as conseqüências do que fede, em si e no calabouço

Segunda alma, feliz adentra n’armadilha do belo coração

E no profundo poço-calabouço escuro onde tu’alma jaz bem agrilhoada

Chega outr’alma para fazer-te parelha

E, a segunda alma sem sentir cai da telha

Sobre lodosos chãos, envoltos de úmido ar pestilento

Onde chora uma’alma triste de angústia quebrantada

A qual espera da morte como alento,

Como se alma fosse mortal centelha.

Talvez juntas um dia fujam da amarga-losna fossa do coração voraz

Mas egoístas, preferem gelar no inferno branco da masmorra sádica mordaz

Reticentes almas que no inferno queimam

Ou no coração ambíguo que as duas tapeia gelam

A preferirem se auxiliar mutuamente

Pois somente combinadas poderiam a trilha de Ariadne seguir

E o sádico coração suas entranhas abrir, promete:

Libertá-las para sempre

Pois que sabe que a cooperarem entre si, elas preferem se matar.

Me fizestes sofrer

Cadu Daris
Enviado por Cadu Daris em 02/11/2011
Reeditado em 26/01/2012
Código do texto: T3312483
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