Gitana Morta

Os saltos que dou em meu ódio

Por uma maldita que...

Maldita?

Não,

Não,

Não...

Aquela criatura não merece

Ser chamada de maldita,

Não merece ser chamada

De nada...

Nos sonhos agora meus,

Sonhos cruéis,

Sonhos lindos em sua crueldade,

Eu a vejo morta,

Morta em um caixão

Abençoado pelas

Deusas Fadas Das Trevas.

Eu vejo aquela gitana morta

Em meus novos sonhos,

Morta,

No caixão belo de negra cor,

No caixão belo brilhante,

Bem lustrado

Pelos agentes funerários.

A gitana está morta,

Ela agora vai dançar

Com os seus gitanos ancestrais

Em qualquer das

Rodas Gitanas Dos Vales Da Morte.

A gitana morta

Me diverte,

Eu gosto de vê-la deitada

Em um caixão,

De vê-la em sonhos

Deitada em um caixão,

Sorrio sorrio sorrio sorrio

Com tal maravilhosa

Visão!

A gitana morta

Está muito linda assim,

Morta está mais linda,

Morta tem a pele mais macia,

Morta tem a aparência

Que eu prezo

Em todas as mortas

Que jazem em minha alma

Há milênios,

Mortas de existências passadas,

Mortas eternas.

Gitana morta,

Que delícia,

Seu rosto está tão luzidio

Assim...

Gitana morta,

Que prazer para mim

Te ver assim morta...

Gitana morta,

Sei que estou sonhando

Com a vossa morte

E mesmo que eu a deseje,

Pois eu sou o que tu me dissestes,

Um monstro,

Um ser cruel,

Um mau-caráter,

Maligno,

Perverso,

Me alegra vê-la

Em minha alma

Morta.

Descanse em paz

Aqui no túmulo

De minha alma de coveiro,

Gitana morta!

Te peço,

Apenas,

Que não se mexa muito,

A tampa de vosso túmulo

Pode abrir

E eu teria que fechá-lo de novo

Vendo ao vosso cadáver putrefato.

Se bem que

Vosso cadáver putrefato

Também seria muito lindo

De ser apreciado,

Gitana morta...

Inominável Ser

COVEIRO DE UMA

GITANA MORTA