DENTRO DESSA SOLIDÃO
DENTRO DESSA SOLIDÃO
Dentro dessa solidão, correm riachos,
Corre sangue vermelho e vivo.
Crianças pulam amarelinhas,
Passarinhos gorjeiam.
O véu que vela uma saudade,
Não é preto.
É um sinal de respeito
Ao sentimento que não seca.
As algemas que a sucumbem
São trincheiras de defesa
Que a deixam protegida
Contra os tigres da noite,
Que farejam uma presa.
Dentro dessa solidão,
Tem uma beleza
Que precisa ser entendida.
Tem um canto que inebria,
Uma brisa que transmite uma mensagem
Aos ouvidos que sabem escutar.
Tem um par de olhos que,
Discretamente estudam,
Percebe o que não é perigo
E deixa ao sabor do horizonte
Uma leve esperança
Para quem entende a solidão.
Pensando bem, não é a solidão
Que está contida.
Os pontos desenhados na calçada
Tem o pano bordado, rendado
Pela virgem do manto branco,
Que imaculamente
Deixa transparecer pelos olhos
A singeleza da solidão.
Di Camargo, 25/10/2011