Bolero.
Apagaram-se as luzes desta ribalta,
silenciou-se a voz bonita do cantor...
E do vinho que me prende à noite alta
resta um gole, pra afogar a minha dor.
Ah, que mágoa é esta que me fere tanto?
Que destino de chorar por um qualquer...
Que nostálgico e descarrilhado pranto...
O castigo por ser teimosa mulher!
E enquanto eu sofro, agarrada a uma taça,
eu sei que sofres, escorado num balcão...
Toda a tormenta, por toda nossa desgraça,
que foi plantada na covardia de um não...
Amanhã estarás preso em outros braços,
e eu também pegarei rumos à deriva...
Restará só a saudade dos abraços
e a paixão, ardendo sempre em chama viva.
Tu farás juras de amor para alguém,
dirás que ama, mas não será verdade...
O mesmo erro cometerei também,
nos perderemos, porque eu fui covarde.
E enquanto eu sofro, agarrada a uma taça,
eu sei que sofres, escorado num balcão...
Toda a tormenta, por toda nossa desgraça,
que foi plantada na covardia de um não...