(Des)Constituição
(Des)Constituição
O poeta é um suicida.
Cada palavra, gota de sangue consciente
derramada no papel do escrevente
é linda, lida e relida pela morte,
a ceifadora do desejo pelo paraíso.
O paraíso dos poetas é o inferno!
Um paraíso infernal construído com suor e tijolos,
blocos de carne putrefata e pó regada a vinagre.
Estas são as últimas palavras-tijolos do poeta.
Sua argamassa, aquela pontuação asmática,
sem ar é um sadomasoquismo que pede licença
antes de torturar sua carcaça.
A carcaça dos poetas? O papel!
O papel, corpo dos poetas é também seu húmus,
seus ossos, seus músculos, seu túmulo, seu caixão.
Neste pedaço de papel se encerra o gozo do poeta,
este submisso das letras, que sendo suicida, lhe vê negado
seu último e único direito em vida.
Dija Darkdija