(Des)Constituição

(Des)Constituição

O poeta é um suicida.

Cada palavra, gota de sangue consciente

derramada no papel do escrevente

é linda, lida e relida pela morte,

a ceifadora do desejo pelo paraíso.

O paraíso dos poetas é o inferno!

Um paraíso infernal construído com suor e tijolos,

blocos de carne putrefata e pó regada a vinagre.

Estas são as últimas palavras-tijolos do poeta.

Sua argamassa, aquela pontuação asmática,

sem ar é um sadomasoquismo que pede licença

antes de torturar sua carcaça.

A carcaça dos poetas? O papel!

O papel, corpo dos poetas é também seu húmus,

seus ossos, seus músculos, seu túmulo, seu caixão.

Neste pedaço de papel se encerra o gozo do poeta,

este submisso das letras, que sendo suicida, lhe vê negado

seu último e único direito em vida.

Dija Darkdija

Dija Darkdija
Enviado por Dija Darkdija em 15/10/2011
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