PEQUENO

Queria que Deus me iluminasse
como fez com Leonardo
que era mais gênio que louco,
mas tinha a inocência
de uma infância que não termina;

ou então, que Deus me desse
as palavras como a Fernando,
que era mais múltiplo que Pessoa,
mas tinha as várias faces
da verdade em cada rosto que mostrava;

queria, sim, que Ele me fizesse
grande como o teatro de Shakespeare,
que era mais que um simples William,
e tinha o dom do menestrel
para contar histórias;

enfim, que Deus me gerasse
vertendo música como um Bethoven,
que era sinfônico e difícil
como a própria vida, e tinha a harmonia
que prescinde os ouvidos da carne.

Percebi, então, que é a inveja que me fez
pequeno.

- Dominá-la é meu desafio ...


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