Força estranha...
Esther Ribeiro Gomes
‘Eu vi um menino correndo, eu vi o tempo,
brincando ao redor do caminho daquele menino...
Eu pus os meus pés no riacho e acho que nunca os tirei...
O sol ainda brilha na estrada e eu nunca passei...
(Caetano Veloso)
Eu vi o tempo passando na janela
e nada pude fazer para detê-lo...
Eu vi a primavera vestida de aquarela
cobrir os campos de flores e me alegrei,
a vida caminha e vai embora, eu sei...
O tempo de ser feliz é agora!
As amarguras deixam a vida sem sentido
e a tristeza pincela dias descoloridos,
mas uma força estranha me faz poetar
e vou alinhavando versos para me alegrar...
Deus sopra inspiração em meu ouvido
e a pena desliza suave pelo papel...
Ah, doce poesia, és alquimia
que transforma o fel em mel!
Poetando eu volto a ser criança
e dias felizes me vêm à lembrança...
Quando a tristeza bate em minha porta,
volto a ser menina a brincar de roda...
Acho que nunca tirei os pés do riacho!