QUE ESPERANÇA!

Todo dia pela manhã,

arcada pelos pedágios do tempo,

Dona Alzira pega sua vassoura

e silenciosamente põe-se a varrer.

Varre o quintal,

varre a calçada,

varre a sarjeta,

varre a praça...

como quem varre os sonhos ruins que teve à noite.

Depois entra em casa, com passos de relógio,

e ninguém mais vê Dona Alzira.

Dizem que fica arquitetando sonhos bons

na esperança de sonhá-los à noite.