Clandestina
Essa vida te vigia atenta e com o rabo do olho
- não adianta tantas personalidades -
inventar esses nomes, mudar a cara do molho
e temperar sempre com ervas e vaidades
Você matou o crime e a possibilidade
mas alguma coisa ainda te espreita
você deixou uma brecha pela cidade
a tua cara te denuncia e tá pra lá de suspeita
Fecha as portas da tua noite, fecha a rachadura
geme ao pé da cama e destrói todas as provas
deita de costas pra que não te entre pela medula
a faca, a gravidade, a traição das velhas novas
Desliza de coragem e de prazer dentro do sonho
- faz da tua mão o desespero do limite -
finge que não te habita nada que proponho
e sem nenhuma razão, encha o peito e grite!