Enquanto passavas

Enquanto por mim passavas

Distraída, eu quase inexistente

Aos teus lindos olhos de cor

Comum, castanhos e sóbrios

Por de trás das lentes

Em tudo me concentrava

No poema de Cesário e

No som ritmado de teu caminhar

Elegante, tranqüilo e de uma

Sutileza infinitamente distante

De um andar insinuante.

Queixo elevado, sem nariz empinado

Postura tida em auto-estima

Sem soberba alguma

Tudo isso te misturou à Milady

Dos Deslumbramentos de Cesário

Eu, não vejo perigo em contemplar-te

Já que não impões toilettes complicadas

E nem gestos de neve ou metal

Mas tudo o que lia

Enquanto passavas

Vestiu-se como luva

Ao momento e à minha admiração

Fala-me de teus defeitos

Não sejas a perfeição que vejo

Tropeça ao menos uma vez

Para que possa fazer-me de cordial

E estender-te em arremedada gentileza

Minha trêmula mão

Que quer tocar no que mais

Seduz-me em teu corpo

Tuas delicadas mãos, que têm

Mais elogios do que dedos.

Nelas não há sequer um engano

São a beleza em carne e osso

E em ti, sempre um segredo

Guardado nestas mãos,

Tuas mãos

Que enquanto passavas

Nem se quer me tocaram,

Mas me encantaram.

Guilherme Coutinho
Enviado por Guilherme Coutinho em 30/08/2011
Código do texto: T3190436
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