inteiramente a sós
sou uma ilha deserta
na imensidão do teu mar
um barco ancorado
que já não navega
sou essa solidão
que te cega
que te incendeia
sou a luz da lua
quando desmaia
plácida na areia
sou a brisa leve
que te revoa a saia
que te insinua
que te deixa
completamente minha
completamente nua
sou essas ondas desarrumadas
que se derramam na praia
sou as palavras perdidas
espalhadas ao vento
gritando o teu nome
por alguns momentos
imagino agora
a tua voz agressiva
aos berros
se repartindo entre nós
enquanto enfim
a tua lembrança
lentamente some
ficando a deriva
dentro de mim
inteiramente a sós