inteiramente a sós

sou uma ilha deserta

na imensidão do teu mar

um barco ancorado

que já não navega

sou essa solidão

que te cega

que te incendeia

sou a luz da lua

quando desmaia

plácida na areia

sou a brisa leve

que te revoa a saia

que te insinua

que te deixa

completamente minha

completamente nua

sou essas ondas desarrumadas

que se derramam na praia

sou as palavras perdidas

espalhadas ao vento

gritando o teu nome

por alguns momentos

imagino agora

a tua voz agressiva

aos berros

se repartindo entre nós

enquanto enfim

a tua lembrança

lentamente some

ficando a deriva

dentro de mim

inteiramente a sós

jose luis lacerda
Enviado por jose luis lacerda em 21/08/2011
Reeditado em 21/08/2011
Código do texto: T3173724