O Verso
O verso vaza
líquido na lágrima
que cai cálida na folha
numa sílaba de sal.
Traduz a alma em símbolos
e solfeja céu na pena
no trajeto do poema
doloroso e musical.
O verso bate tambor
no galope dos cavalos
e canta aurora nos galos
com acordes de cristal.
Mesmo que não cante a fonte,
que a origem não revele,
o verso guarda na pele
uma impressão digital...
Derrama-se, incontido,
das entranhas do alfabeto
expondo-se pelo avesso
delirante e visceral.