COM O PASSAR DO TEMPO
COM O PASSAR DO TEMPO
Com o passar do tempo
Cheio de convicções autênticas
Tento auto decifrar-me
Mas quão impossível é
Hieróglifos mal cifrados
Ato-me substancialmente
Em minha possessividade coerente
Sem afetar noutros.
Com o passar do tempo
Atravesso momentos
De inconstância consciente
... Transpasso...
... Resfolego...
Vago,... Na sobriedade
Cônscio das perspectivas
Agonio-me em solidão intensa.
Com o passar do tempo
Trafego na vida
Perambulando
Em trevas iluminadas
Na amplidão dura
Procuro à exaustão
Novas formas de continuar.
Talvez um lugar
Algum lugar
Corro para esse tal lugar.
Em algum lugar...
... Em nenhum lugar...
Em que lugar?
Com o passar do tempo
Lembraremos lembranças lúgubres
Viveremos tempos passados
Passado de morte solvente.
E, vivente inteligente
Conseguiremos
Com o passar dos tempos
Voltar o tempo
E viver morrendo
O tempo passado
Para entender
O passado-presente.
Com o passar do tempo
Os obcecados pelo poder
Abraçarão ideais utópicos.
Serão alheios:
Repudiarão-nos...
Serão injustos:
Humilharão-nos...
Mas,... O sofrimento
Assomar-se-á às suas almas.
Com o passar do tempo
A ciência em seu potencial
Usará com sapiência
Seus conhecimentos para
O bem do mal
E para
O bom do mau.
Não será mais cômoda
Estaremos prontos
Pois não poderemos
Mais esperar
O passar dos tempos.
Com o passar do tempo
Nossa real personalidade
Sobressairá
Viveremos povos unidos
Sem distinção
Todos os países
Uma só nação.
Perdoaremos
Seremos irmãos.
Nosso noite-dia
Não nos insoniará mais
E sairemos
Da vida morta.
Então, com o passar do tempo
Não será impossível decifrar
Meus hieróglifos
Mal cifrados.
Não atravessarei
Momentos inconstantes
Não vagarei
Na sobriedade.
Não perambularei
Em trevas iluminadas.
Não procurarei novas formas
De continuar.
Um lugar qualquer.
Lembrarei
Lembranças boníssimas
Nada mais será utópico.
Isso,...
Se o tempo continuar a passar
Com o passar dos tempos.
CHICO DE ARRUDA.