Moral da História da Gente (UM)

Ontem se falava ao caçador:

- mate o bicho, bicho homem!

Hoje se apagam as marcas

Do bicho do homem.

Dize-nos pela convicção,

Outro sempre optará por qualquer facilidade.

Aquele ali será vontade; alguns vão à ocasião.

E acabou: todo mundo é liberdade.

Dificuldade foi ser um Noé

Que em meio à enxurrada

Descia a pé do barco atolado

na lama da fé

E obedecendo aos sinais

Desandava a resgatar tanto bicho

Do buraco do lixo do homem.

Perguntar não ofende: maldade foi ver São Francisco

Falando com os bichos

E escutando dos homens

A sentença tão pobre

Que apenas os homens

Conseguem ditar?

Ou...

Calamidade era a Arca conter no ofício

A madeira bem nobre

Que apenas o homem consegue arrancar?

Infelicidade Noé não ter fé pra ousar travessias

Na calada do dia de nossas cidades em dia de chuva.

Azar o nosso!

E sorte a dele!

Moral da história fundamental: Noé é o pai da liberdade,

pois atualmente navega por prazer

na infinita maré das controvérsias da gente.

Enquanto isso, dizem que São Francisco anda por aí

Tentando sacar o santo do nome

E apenas atende quando o gritam: "Chiquinho", "Chiquinho"...