Disfarce
Vento bate
Em minha face.
A mim abate.
Debate-se
Em meus cabelos.
Deixando em desalinho
O emaranhado
Fabricado
No disfarce social.
Máscara vital!
Para o cotidiano normal.
Na maquiagem...
Maquinada
Pra enganar a idade.
Borrada no açoite
Dos cabelos em meu batom.
Sem o tom do carmim
Que será de mim?
Sinto-me nua.
Exposta à rua.
Com esse vento
Pondo a mostra
A face oculta
Pela cultura
De uma sociedade esquisita
Vaidade maldita!
Cara pintada
De negro rímel.
No blush o realce
Da porcelana
Que nos engana.
Pensando a beleza.
Fugimos a natureza
Do ser normal.
E, como animal
Nos colocamos na arena.
Para interpretar a cena
De medíocre ser racional.