A língua.
Rio, 01.02.10.
A língua.
A língua lânguida,
lasciva, lacai dos prazeres.
expõe, expressa
explicita todos os quereres.
Busca na boca
beijos brandos e bravios,
faz derreter a cera sexual
que emana dos corpos em cios,
como fossem velas depois
de acessos os pavios.
A língua lâmina
lancinante, lívida de ensejos,
corta a carne dos amantes
fazendo sangra-las (não sangue),
mas desejos,
arranca a roupa da razão
causando impressão de nudez,
nos torna seres primitivos
entregues a intensa
sensação de insensatez.
Clayton Marcio.