SONETO DE INVOCAÇÃO.

Dá-me o sopro da graça, ó anjo da noite horrenda!

Afoga-me a inspiração e transfoma-me a rima em verso...

Das vagas conjecturas, imploro: não me defendas!

Escurece as luzes brancas e destrói o universo!

Afoga-me no teu orbe dourado de fantasias,

Retilinta o sino louco que na catedral já dobra.

Tinge com sangue quente minha lúcida poesia,

que de tanta insânia jaz a mais sublime das obras!

Salva-me da desgraça do que o inútil elege!

Ensina-me a misteriosa sabedoria dos teus!

Exorcisa-me os sentidos, acusaram-me de herege!

Emaranha-me na rede dos teus ávidos meandros...

Dá-me o sopro da graça, anjo do árido breu,

que eu sou vento no deserto, meu angélico andròs!

Mad Just
Enviado por Mad Just em 13/07/2011
Reeditado em 05/08/2011
Código do texto: T3093589
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