O CONDOR
O condor solitário
Em seus vôos rasantes pelas cordilheiras
Com leveza pousa sobre as encostas para um breve descanso
De repente, abre novamente suas longas asas
E sai em busca do nada,
Com vôo plainado, com elegância e mistério
Que pairam sobre sua velha e nobre existência
Digno de admiração e respeito
Capaz de suportar o frio das cordilheiras,
Mas também o frio da solidão
Da eterna solidão que o acompanha,
Preso entre cadeias de montanhas,
E faltando coragem para avançar um pouco mais
Anseia pelo sol mais forte, que amenize o frio dos seus dias
Quantas vezes fomos condor, agarrados nas encostas da nossa dor
Quantas vezes, sem coragem não avançarmos mais,
Para além das encostas de concreto em que nos condicionamos
Quantas vezes ensaiamos em abrir nossas asas
As asas da imaginação, da liberdade e dos mais ricos sonhos
Muitos de nós enfrentamos o frio do abandono e da solidão
E hoje damos os nossos vôos com maestreza e elegância
Afinal temos a poesia que nos trouxe admiração e respeito!