Andarilho
O coração bate devagar
Com a ânsia da alma que não quer mais sofrer
Num suspiro escondendo um pesar infinito
De um mundo vazio
As ruas escuras cegam os passos
De um andarilho cansado
Sem desejo algum
Perdido em si mesmo
Um buraco no peito
Que sangra sem hesitar
Lembranças cortantes
Perfurando a esperança
A lágrima derradeira cessa a meia noite
Quando fantasmas do passado se vão
O sono entorpece a angústia
Por um breve instante a paz mergulha
Num mar de hipocrisia e amargura
Sobre ondas de mentiras
O frio o incomoda
Um arrepio o desperta
Imagens antigas gritam
E aquilo que mais teme volta a matá-lo
Outra vez
Pouco a pouco
Como um condenado
Que não conhece a salvação
Um agouro sombrio
Cerca seus olhos
Estático ser
De pés descalços e discórdia na mente
Atravessa um deserto
Miséria.
Desespero.
Tudo outra vez...