ORQUESTRA DE NUVENS

Sombra escura violácea
e mansa
da fralda da noite

tempos de redutos vaticínios
nuanças mórbidas e estiradas
do rio langoroso
amargo em suas felinas plumas
- sem alvorecer –
no véu da espuma cálida
uma orquestra de nuvens
gritada entre arcos de arvoredos
pequenos e rosados silêncios

um fim
um medo
um corredor
correnteza
em fluxo o movimento
a tanto tempo esquecido
o meio do deus nas terras
de seca e aparte

marchavam os infantes
e as ondas cristalinas
quais flores de fácil
aprumo
num instante
os olhos e a água

o rastro moreno
perfume de ervas
gotas e gotículas

o doce arquejante solícito
à espera
de tua mandala
mandarim de aleluias

ainda dançam as águas nas nascentes...

Ainda ?
ou movemo-nos em
outra área
a ribanceira
com flechas e dardos
soluços sem ritmo
um ósculo de ódio
alguns vinténs de
infinito e...

aleijados e alheios
na lúcida fealdade
de empréstimo o vapor dos tempos
lá aonde desfazem-se
moléculas no negror do ócio
de mérito um curvado
e recuado circunflexo
arquitetura
de luzes e fagulhas
essa sede
no pote
marola na nave
já será ainda um
outro momento ?




Jandira Zanchi
Enviado por Jandira Zanchi em 28/11/2006
Código do texto: T303617