DUPLO CÁRCERE
Nesta cidade,
todos querem correr mais que o tempo.
E olha que ele voa !
Aqui se poreja trabalho
e tudo se estua nele.
Encastelei-me em duplo cárcere.
Ainda que transpor pudesse
as janelas deste quarto,
de nada adiantaria.
De pronto, depararia
com a compacta muralha
dos sisudos arranha-céus
que refutariam os meus pensamento,
rechaçando-os e proibindo-os de passar.
O horizonte está empanado.
Nada se distingue.
Sempre cruzo a Avenida Ipiranga
com a Avenida São João
E nenhuma coisa acontece
ao meu coração.