Alma de Poeta
E nessa ilusão mal amada,
Poesia a flor da pele,
Desejo em ser cobiçada,
Palavras ao vento leve.
Tornando sonhos em mágoas,
Curando dores esquecidas,
Revelando ardentes águas,
Criticando a realidade vivida.
Castelos de frases de efeito,
Areia de densidade fugaz,
Pensamentos nem sempre lisonjeiros,
De uma alma firme e audaz.
Não aguarda que todos aceitem,
O que, pronto, está a escrever.
Espera, desde sempre, a fornalha,
Dos que pouco entendem o dizer.
É um andarilho sem rumo,
Um solitário entre o povo.
É um masoquista do mundo,
Caído, pensa, escreve, de novo.
Seja o amor um devaneio,
Uma amargura sua razão,
Seja o lamurio seu esteio,
Seja a dor o seu perdão.
Estará lá sempre o poeta,
Pensando e escrevendo de alma aberta.
Não importa se torpe ou limpo,
Seja a mente que te afeta.
No limiar entre a benção e o pecado,
Na fé de que suas palavras um dia sirvam,
A um coração já desgastado,
Por atitudes que agridam.
Num mundo amargurado,
Pelo torpor da enganação,
És a esperança, Oh humilde poeta,
De salvar um coração!