Já não se fazem mais poetas como antigamente.

Rio, 02.06.11.

Já não se fazem mais poetas como antigamente.

Não sou daquele tempo,

mas muito já li a respeito,

poeta era o sujeito que

vivia insatisfeito, que era

amante da madrugada e da bohemia,

que morria cedo nos braços

da temida pneumonia.

mas isso era nos tempos

de Castro Alves,

poeta agora vive

só de salves,

tira chinfra de artista,

da entrevista na revista,

só freqüenta a área Vip,

é homenageado na Flip,

se antes o reconhecimento

vinha sempre póstumo,

hoje vive estampado nos

tablóides da cidade,

é meu cumpade, poeta

agora é celebridade.

Não sou daquele tempo,

mas muito já li a respeito,

poeta era o sujeito que

vivia metido consigo, introspectivo

laborioso na sua métrica,

perfeccionista em seu versejar.

Mas isso era nos

tempos de Olavo Bilac,

poeta agora faz

escova de chocolate,

faz a sobrancelha, se depila,

pratica Pilates,

se antes vivia contemplativo

em relação a mulher amada,

hoje vai pra balada,

sabe dar cantada e coisa e tal,

é meu cumpade, poeta

agora é metrosexual.

Clayton Marcio.