REPENTINAMENTE

Tudo acabado

no sonho, na dor,

o tempo que se esgota

em horas, em alarmes.

Tudo acabado,

com farpas nas mãos,

feridas nos pés,

superfícies,

áspera pele

em toque suaves

que não se sentem

ao perfurar.

A luz indica o fim,

na matinée, na madrugada,

no silêncio

que precede gritos,

enquanto tudo se esclarece

em lágrimas

e palavras abafadas.

Tudo acabado,

o almoço, o jantar,

a manhã

prolongada em tarde

dourada,

quente e vazia

dos aromas

que assinam recordações.

Tudo acabado,

as vaias, os abraços,

o dia.

o dia, o dia,

os dias,

que se repetem sem fim

dentro de nossas cabeças.