Linha do tempo
Se me perguntares da minha idade
Não lhe saberei responder.
Pois tanto já vivi
Que acabei por me esquecer
Qual foi o tempo em que eu nasci.
Nesse mundo...
De tudo eu conheço.
Por inteiro e do avesso
Do começo até seu fim.
Conheço até meu ponto
Em seu centro.
Mas, não sei nada de mim!
E o que sei de mim escapa
Foge pelas linhas da vida
Em uma fresta, desaparece!
Tudo eu sei desse mundo
Mas, não sei nada de mim
Que idade eu terei
Quando aprender a andar?
Se caminho ha tanto tempo
Sem sair do lugar.
Se ao menos os olhos eu abrisse
Para poder levantar...
Que idade eu teria
Quando aprendesse a ouvir?
O vento a ditar os segredos
Na melodia do ar
Sem ninguém para lhe escutar
Perde-se com a névoa
No infinito vai se desintegrar
Que idade eu teria
Quando aprendesse a sentir?
Na pele a realidade
Do mundo que começa a emergir
Diante dos olhos cegos da noite
Para a minh’alma engolir.
Tudo eu sei desse mundo...
Mas, não sei nada de mim
Que idade é que eu tinha
Quando aprendi a mentir?
A mim mesma enganei
Quando nessa realidade morta,
Acreditei...
Gastei todo o meu cacife
Numa jogada final
E o paraíso eu perdi.
Mas, afinal...
Quantos anos que eu tenho
Se não sei nada de mim?
Será que ainda não nasci?