Quase nunca explico
Ninguém pode saber a dor que carrego comigo.
Os momentos mais perfeitos
Os momentos mais seguros
São dentro do onibus a caminho da escola,
Vendo a vida passar,
Ora rápido,
Ora devagar,
A vida passa sem cessar.
Ninguém pode saber a dimensão da dor que carrego comigo.
Penso,
Me perco nos instantes
Lembro-me das estantes,
Dos retratos que estáticos não significam nada,
Não refletem o passado aprisionado na memória,
É meu, sou somente eu.
Carrengando os restos que me deixam.
Pensando nos rostos que me substituem
Nos sentimentos alheios.
E os meus eu ignoro
Finjo que esqueço ou não me lembro.
Ninguém pode saber a imensidão da dor que carrego comigo.
Amigo,
Nada conheço sobre verdades e abismos.
Os momentos mais perfeitos
Estão em deixar a vida passar.
E a dor me faz lembrar que as pessoas são o legado da miséria desse mundo.
Faço parte disso tudo, me distâncio do concreto,
Elevei-me demais para saltar...