"O que me dói são essas coisas lindas que nunca existirão"
Já disse Pessoa
Em um dos versos mais memoráveis
O título que acima se lê
E que não nos deixa confortáveis
Dói mais que inverno
Aquele frio à carne a bater
Ver aquele mesmo ser humano
E lhe negar o sentimento
Mais sublime deste mundo
São essas pessoas
Que não se abatem com o sofrimento
Do outro ou de si próprias
E fingem dentro de seus casulos
Que nada se passa, que nada as incomoda
Tenho certeza que algo flui
Algo flui, mas está preso
Pelos longos anos que foram se passando
Que vão transformando dias claros e frescos
Na mais triste e angustiante aurora
Que houve com ele que agora
De repente, em um ímpeto resolveu
Preocupar-se com a "próxima", a negada
Que tanto a ti se comprometeu
O que nunca existirá é triste, é irrefutável
Esperamos algo e isso jamais se concretiza
Não há nada que seja mais lamentável
Que uma pessoa apática e vazia