O SONO DA NOITE
A noite dorme… Este sono
Na fímbria da lua triste
Cansada da penumbra da vida,
Em mãos de cetim dependurada
Como velas em castiçais de espuma
Nas portas do dia sem dono
Nas colchas da madrugada
Em fios de vento persiste
Como conchas dum lago se esfuma
Naquela noite estrangulada.
E nós na cambraia da noite,
Uma voz se espreguiça lá onde
Na escuridão onde se acoite
Lá vem uma fonte que se esconde
Pla chuva de cristal adormecida,
A noite dorme este sono,
Mas uma cortina de luz
Vem tirar roupa ao dono
E vem mostrar o nosso Jesus.
,
Nos braços da tristeza acumulada,
Beija o sol a terra o horizonte,
E a poesia nasce naquela alvorada
Onde a mão trémula e ébria da fonte
Perpassa o seu olhar na estrada
Da vida onde é a flor do monte
Nos ombros da cidade desencantada.
LUÍS COSTA
16 De Fevereiro de 2006