Dança
Saltara
Da correria-da-rua
Para sua home sweet home
E deparara-se
Com aquela maravilha...
Não havia música,
Mas ela dançava
Regida por seu MP4.
Seu corpo esguio,
Longilíneo,
Elástico,
Plástico,
Alvo,
Simulava um floco
De neve
Que rodopiava,
Bailava, cadenciando
O ritmo
Em passos suaves
E firmes... No ar...
Delicadeza e força
Para deleite
Do pasmo,
Para gáudio
Da surpresa...
Ela nem dava acordo
De sua presença
E naquele momento,
Para ambos,
Só a dança existia...
Nada mais havia...
Só a dança
Rompera o dia,
Dividindo
A um só golpe
As vinte-e-quatro-horas
Torturantes.
A rotina fora decapitada;
As preocupações
Dissolveram-se no ar...
O dia estava quebrado...
E ele continuava ali
Estático, admirado
A admirar
O que a beleza
Pode fazer:
Um instante
De eternidade
Na fugacidade
Do tempo...
(Danclads Lins de Andrade).