VERSOS INFINDOS

Sofro injustiça e muito padeço,

A dor da acusação, embora vil,

Não sei porquê ou se mereço,

Vai me tornando mais hostil.

Corre o tempo e não para

Cada dia mais remoto fica

E meu coração que não sara

O amor que inda mais estica.

Vou contando lento os dias

Quanto mais fico sem tua voz

Nem sei mesmo se tu sofrias

Ou se não sofre o algoz.

Eis que a noite se amanta

Outra vez na escuridão,

Na porta, o verme canta,

Importuno coração.

O meu sono perturbado

Pelas vozes das dolênicas

O relógio acabrunhado

Marcando só demências.

Errantes os lampejos

Da luz, a frouxidão ,

Soando no ar os beijos

Que se perderam em vão.

E muito me doi o teu rancor

Na flor da refece vingança

Que me tens com rigor

Me privando da esperança.

E o sofrimento assentou,

Amigou no peito rijo

E companheiro se tornou

Usando-o de esconderijo.

Mas se no peito não há dor

N´alma não há poesia

No espírito, o langor,

Com inspiração harmonia.

E aqui inda criança bisonha

Pelos tempos de luz vivida

Pelas noites que ela sonha

Deixa a alma adormecida.

Quando dorme, recupera,

Para mais sofrer um dia,

O pulso que lateja a espera,

Espera o pejo que luzia.

E por cismar a minh´alma

Sobre como vagam aflitos

Os lumes que salpicam a calma

Como demônios malditos.

Não falo mais de tristeza

Que de tanto sentir não sinto

E de tanto falar rudeza,

Falo e não sigo o instinto.

E nestes infindos versos

Dão margens que irão seguir

Ou pensamentos dispersos

Passam a me engolir.

(YEHORAM)

YEHORAM BARUCH HABIBI
Enviado por YEHORAM BARUCH HABIBI em 29/04/2011
Reeditado em 29/04/2011
Código do texto: T2937651
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