A Primeira Orquestra
O cheiro do café invade meu quarto fazendo cócegas no meu nariz e desperta-me de uma noite de sono tranquilo.
Feixes de luz dançam entre os tecidos da cortina, embalados pela brisa leve e suave da manhã.
Meus olhos preguiçosamente se abrem e em meus pensamentos pode-se escutar o "bom dia" da vida que se renova.
Estico meu corpo como se quisesse alcançar o infinito e ele agradece meu gesto com um grande e largo bocejo.
Os meus pés tocam e riçam o tapete felpudo provocando cócegas e risos tímidos.
Vacilante meu corpo ergue-se... Pequenos e discretos estalos das articulações avisam que tudo está em equilíbrio para os primeiros passos.
O cheiro do café...
O barulho dos vasilhames...
O cantarolar da vizinha desafinada em contraste com a canção do bem-te-vi...
O som da água que hidrata as plantas da varanda...
O cheiro da grama cortada vindo do jardim...
A olência do pergaminho novo, misturando-se com o cheiro do meu quarto... Sempiterno!
É a manhã que se anuncia como uma orquestra. Em perfeita sincronia com os sentidos: olfato, visão, paladar, tato e audição.
Orquestra que se apresenta todos os dias, bela e afinada para os que desejam senti-la.