Gerocídio
Minha poesia não tem geração.
Não tem nome,
linha ou propósito.
Minha poesia não é de fatos, nem de verve.
Não é conjunto e nem sozinha;
não tem paixão ou filosofia.
É amórfica. Informe:
Papéis recicláveis são usados
para arrastar resto de bosta pelas bundas.
A poesia não é baudelariana e nem
bacante, amante torpe do cansaço
que é estarmos.
A poesia não é estado ou status.
Ela nem sequer sabe que é,
ou seja, se algo é. É?
Nasce do canto mais fundo e gelado
da alma febril e pálida do absurdo
que nos mostra o lado de fora.
Adlonge como o quê. Ao longe, como se enxerga.