há um limo entranhado
em palavras mornas
curvas no tempo triste
um último poeta enforcado pelas lágrimas
as margens de um rio..
um vulto imerso na neblina (dos tempos)
como se nela versos fossem pessoas
a morte toma comprimidos ?
qual o destino grave ?
vagueiam sombras desvairadas
tudo gira , num rodear de alquimias errantes
há corpos sem estradas , terrenos baldios,
universos fechados..
tão longe está o azul , e tão perto se parece,
feito legendas embaçadas , ou brincar de esconde esconde entre os jardins
corações desconectados,( na imperfeição perfeita da não tolice),
ninguém abraça com armadura,
sou como um peixe com anzol entalado no céu da boca,
meu barco adormeceu pelo oceano
e a maré sossegou..naveguei minha dor,
muitos morreram , horizonte negro,a vida se fez depois...
num descampar fixo de algum discurso não feito,
a arvore não dava frutos, barril de pólvora , no quarto um temor,
quando olhei de frente , não era aquilo o sonhado ,
quando olhei de perto , nem cabia mais em meu pensamento,
pois tudo era memória,que aconteceu a muitos anos..
(hoje antigamente ) vendo daqui , a recordação embotou
é flor murcha, mas.... o sol ilumina minhas rugas,
e sobre as arvores ainda revoam pássaros..
no portão vigília, não me importa ser ou não amada por alguém ,
afinal , eu nao acredito no amor, no (teu amor)
nao sou especialista em corações
agrego suspiros de vazios ingeridos , nao digeridos , entorces nos sonhos...
e não, não estou ensandecida,.. ser poeta me obrigaria a ser correta no escrever ,
mas sou apenas um ser que escreve,e de modo indefeso
significa uma tarefa superior,que não tenho capacidade para desenvolver..
todo leitor é pedra preciosa,
paredes finas, vento e brisa,alheios á luz da alma escritora,
apenas compreendem a escrita invisivel
um amadurecer sem morrer....
limo limpado pelo frescor de novas cores
pelos raios do sol sobre meus passos
entre flores caídas sobre muros que não são meus,
mas adornam caminhos dos que observam sua presença...