A Bruxa Helena (Meu Retrato)
É uma dessas mulheres que foi
Empregada doméstica, cozinheira.
Arrumadeira, passadeira, pescadora
Tiradeira de leite no curral e sonhadora
Não cavalgou no cavalo de tróia
E nem inspirou Manoel C. Bandeira.
Já varou noites ouvindo música
Pintando com giz de cera e escrevendo besteiras.
Uma mulher que reverencia o sol,
A natureza, a lua e as estrelas.
Faz vôos imaginários com os pássaros
E mergulha nas águas da cachoeira
Sabe manipular poções mágicas
Com mel, ervas, café e chás
Que sempre deixam um gosto na boca
De proibido, mas, “quero mais”.
Causadora de ira e inveja em
Santas e mal amadas mulheres
Que entre descasos e desamores
Aprenderam fingir e distribuir flores
Dama que esconde pensamentos secretos
Usando máscaras para disfarçar
Seus desejos escondidos pelo tempo
Para encantar seus belos amores.
Tem cara de mulher madura, mas é menina.
Sabe ser cúmplice e tem a língua ferina
Faz amor no mato, na lama, na chuva,
Na rede, no carro, na cidade ou na fazenda.
Faz os olhos de um homem sorrir
E prazer o seu corpo, sabe pedir.
Não tem preconceito de raça e nem cor
E sabe amar seus homens sem pudor
Traz alegria nos gestos e nas palavras veneno
Pois carrega na alma o peso das mentiras
Dos maravilhosos e eternos amantes
Que fazem parte da história da Bruxa Helena
(Rabiscos noturnos em 07/12/2009)