O rufar do gozo.
A alma humana se irmana ao anoitecer,
quando as estrelas desnudam seu corpo,
e o tempo vira criança pra brincar sem parar,
sem parar.
A alma humana se engana toda hora,
erra o caminho, faz besteira como ninguém
troca as cores, engasga nos amores, fica dela mesma refém.
dela mesma refém.
A alma humana tem entradas e saídas que esconde de todos,
tem atalhos que ela mesma acoberta,
tem remendos que sempre viveram entrincheirados nos seus porões,
em todos seus porões.
A alma humana se engasga no seu próprio suor,
fica de quatro diante do nada, é quebradiça, areia movediça,
esquece o que aprendeu sempre, não se curva diante de nada,
é infeliz como sempre quis,
como sempre quis.
Mas um dia decide revirar este pó, atirar fora este musgo,
mandar embora o que tanto lhe fez mal desde sempre,
desde sempre.
A alma humana pega então aquelas rédeas surradas e roucas que
não deixavam voar, não permitiam sonhar,
e grita com todos seus poros: chega! Não dá mais!
Então o que jazia perdido, banido e renegado,
começa a cantar como jamais se ouviu nesta vida,
como jamais se ouviu nesta vida.
Começa a dançar para todo canto, para que todos vejam ao mesmo tempo, para que todos se libertem ao mesmo rufar do seu gozo.
Um gozo de peito aberto, sorriso franco e abraço cordial.
Então a alma humana finalmente encontrará a sua paz.
E todos nós também.
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