VIRGENS OFENDIDAS
VIRGENS OFENDIDAS
O sol apenas mostrava sua luminosidade,
Antes de oferecer o seu calor para a nossa pele.
Chegava lento, rasgando a virgindade da lua,
Favorecendo matizes, que os nossos olhos se deslumbravam.
Avançava sobre o hímen da madrugada,
Querendo deflorar o cinza dos resquícios noturnos.
Era um pássaro de fogo com suas asas multicoloridas,
Abanando os sonhos que tinham receio de serem acordados.
Ganhava a manhã, que beijava com doçura
O deposito do orvalho nas folhas,
Que como camas expostas
Recebiam o convidado frio.
A luz e o calor seguiam célere pelas avenidas,
Pelas matas virgens,
Descortinando as sombras dos carvalhos seletos.
Iam devorando cantos gigantescos
Deixando as claras os ângulos abertos.
No ápice do meio do dia
Mostrava em riste sua maior progenitude,
Impondo sobre a cabeça de todos
Sua força e energia sideral.
A tarde, como não suportando os raios,
Ensaiava o descanso dos seus olhos,
Para os olhos dos seres humanos;
Onde a retina, menina delicada e irmã da pupila,
Recebia o conforto do alpendre
Feito pelas mãos suadas.
A noite, nossa velha conhecida,
Já sabendo do seu destino,
Servia a sua maneira peculiar,
O descanso dos muitos guerreiros
Que a abraçavam solícito
Aos seus encantos.
Assim, as virgens ofendidas
Refaziam seus adúlteros,
Para que no dia seguinte
Fossem novamente desvirginadas
Para a beleza da vida.
Di Camargo, 31/03/2011