ESTRANHOS CONTERRÂNEOS
Os termos usados indicam os conterrâneos
Ilhados pelos fortes braços dos ciúmes
Talvez um mergulho nos escuros subterrâneos
Livre-me do golpe da espada de dois gumes
Concorrente sem a identidade revelar
Faze-me sofrer no planalto dos cumes.
Tentar encontrar aquilo que não se conhece
É como sonhar uma impossível realidade
Situações alheias dos desejos camuflados
Amarrado pelo cordão de uma fatalidade
Por andarem nas mesmas veredas conhecidas
Atletas de um jogo que não tem modalidade.
O presente não propício revela situações
Embaraçosas para quem nada pode fazer
Amarrado ao elo de um sereno compromisso
Vinculado ao reino hoje chamado prazer
Sombras sobre os fatos nunca revelados
Para um passo é necessário os cálculos refazer.
O passado, túnel das adormecidas memórias
Berço das imutáveis situações bem vividas
Calabouço de arrependimentos tardios
Das ações inescrupulosas e devidas
De uma época que passou a não voltará
Mesmo que gere sofrimento em nossas vidas.
O futuro, terreno ainda não habitado
Sem detalhes, ensaios, berço de cores
Talvez seja um dormitório de prazer
Talvez seja um ninho cheio de dores
Trevas ou luz quem pode adivinhar
Se não conhecemos a língua dos amores.
Nebuloso, é o meu infantil desejo infrator
Que não conhece o limite de ser discreto
Sem saber ao certo onde possa encontrar
Uma lei para se elaborar um decreto
Exigindo a queda do muro intransponível
Mais forte que vigas de ferro e concreto.
É permitido sentir o ciúme andar nas veias?
Sem saber quem seja o ser intrometido
Já não basta imaginar um rosto oculto
Talvez se esconda por ser comprometido
Assim como o poeta que nada sabe
Se no passado para alguém foi prometido.