Quadro infernal

Decidi.

Pintarei um quadro arrogante, petulante, complexo.

Vou enchê-lo de cores e misturas e formas Vou usar toda a agressividade das minhas veias

Vou derrubar, sorrindo, todas as normas.

Não será inspirado por amor nem ódio

Nem por passado ou presente

Não irei me inspirar em romances decadentes

Será apenas contundente

Vou pintar o meu inferno interior

Expor as falhas, os dons, os nervos

Arrebatar a fúria sem respeitar

Crenças, credos ou termos

Que se dane a crítica vizinha

Sempre parada na janela a observar

O quadro é meu a vida é minha

Tetos de vidro irão se quebrar