06 ARDILOSA ADVOGADA

Estou só.

Somente eu,

SÓ.

Gosto disto.

Tenho tempo de pensar.

Conversar comigo mesmo.

Fecho os olhos e olho para mim mesmo.

Repentinamente me vejo dentro de uma catedral gótica.

Somente eu, a Luz, os vitrais e a imensidão.

Outra vez me vejo na cela de um mosteiro.

Uma vela.

Uma mesa rústica.

Pergaminhos manuscritos.

Percebo que não estou tão só assim.

A

solidão

tão concentrada

faz-me companhia

como um ser que por pouco

não se materializa.

SOU EU A MELHOR COMPANHIA PARA MIM MESMO?

ela quer me convencer,

como ardilosa defensora de si mesmo,

a

SOLIDÃO.

Leonardo Lisbôa

BARBACENA 1998

POEMA 23 - CADERNO: TRANSMUTAÇÃO.

Nardo Leo Lisbôa
Enviado por Nardo Leo Lisbôa em 29/03/2011
Reeditado em 25/10/2016
Código do texto: T2877340
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