Homogêneo... Heterogêneo...

Parei por um instante,

Observando fiquei.

Pessoas passavam por mim,

Aos montes passavam.

Minha observação,

Não era observada!

Delas exalava vida,

Fragrâncias pairavam no ar.

Cheiro de fumaça,

Cheiro de suor,

Cheiros naturais

De perfumes artificiais.

Suavam, se abanavam,

Uns suspiravam,

Outros não respiravam.

Apressados, coordenados...

...Desordenados.

Aos pares, aos grupos,

Muitos, milhares, sozinhos.

Saiam de lares...

Alguns voltavam.

Pensavam ter destinos,

Eu estava em câmera lenta.

O mundo apressado.

Não se viam,

Não se tocavam.

De vez em quando,

Um esbarrão!

Um desculpe mentiroso.

Em suas faltas de destino,

Continuavam...

Corriam contra o tempo.

Entre os espaços dos corpos,

Tanta indiferença.

Levantei, sentia-me sozinho.

Sentia-me um pouco soberbo.

Enxugava lagrimas contidas,

Sorria seus sorrisos guardados,

Suas bocas fechadas gritavam,

Seus berros não eram ouvidos.

Dei um passo e fui levado,

Deixei de ser observador,

Agora era observado.

Fui caminhando...

Fui sendo empurrado,

Levado pela multidão.

Sentia-me integrado,

Ali eu era, mais um misturado.

Allan Ribeiro Fraga

ESCRITOR FRAGA
Enviado por ESCRITOR FRAGA em 21/03/2011
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