O féretro do silêncio

O féretro do silêncio

O sentimento molhado de água,

O liquido efervescente da alma,

O suspiro da calma,

E o amor em lágrimas.

A saciada sede,

Ri de beber a dor,

Expressões sujas de opulência,

Descansam nuas e frias.

As idéias mortas,

Lava religiões e paixões,

O poeta ri por chorar,

Calmo e trêmulo, como o andar.

O sonho eterno,

Machuca palavras,

Descuidadas e frias,

Na poesia fantasia.

O silêncio interminável chega sem freio,

Na ladeira da escuridão,

Descobre o desejo de falar a solidão,

A mancha que destrói a visão.

O invisível belo,

O fio tênue da razão,

Abre palavras cruas e impetuosas.

A perícia da liberdade me acalma ao vento.

Altear a fome,

Lembrar do belo maluco, ruflar ao que foi.

Ignota tatuagem que ao pungir,

Torna-se feliz.

Vozes do eco dilacerado,

Traz uma dolência cor,

Cor de sangue, cor de vida,

Cor de morte, cor de existir.

Plangente Jesus doente,

Sujou as linhas de um livro chamado amor,

Quando o sol enlouqueceu,

Luz do universo desapareceu.

O toque angelical da pintura de Renoir,

Toca meu coração e faz delirar.

Os expressionistas do tempo,

Param o tempo, para descarregar as linhas de nossas faces.

Abro carne, peito, coração.

Encontro Hitler e Jesus,

O lúgrebe momento carregado de história,

Fazem os dois chorarem agressivamente por um tempo sem memória.

O lábaro dos humanos,

Desfaz na poesia encantada de sonhos,

Falar o que é pensar,

Desejar o que é desejo.

O universo é só meu,

Triste, sombrio e solitário,

Sem o sol e lua,

O luminoso é meu dia.

Os pés descalços,

Ando na terra límpida,

A poeira senta e sobre faces cruas,

Mancha-nos de fantasia.

Meu fim é o começo,

Deus esconde-se nas sombras silenciosas ocultas,

Me fez pensar que não existo,

Apenas sirvo, e, choro de um olho que não é meu.

Chega o sono, leio e sinto minha poesia,

Satisfaço da única água que bebo,

Água da fonte de sonho,

Onde as moléculas passeiam, choram e clamam pela arte de viver.

Penso na flor do desejo,

Flor da essência do solo,

Com as pétalas gélidas de sofrer do odor vermelho,

Encontro-me na dor e ódio da saudade, e como artista corpo, faço delirar meus membros e órgãos em favor do desejo.

A voz perdida do deserto,

A sorte cansada da vida,

Os campos infrutíferos da vida,

E o sentimento da morte.

As músicas acabam com o som,

Acabo com as letras e dialetos,

Faço livre liberdade,

Fumando felicidade.

Pablo Diego
Enviado por Pablo Diego em 20/03/2011
Reeditado em 23/03/2011
Código do texto: T2860475
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